Você já sentiu desconforto ao ver imagens de favos de mel, sementes de lótus ou bolhas agrupadas? Se sim, você pode estar experienciando tripofobia, uma aversão a padrões de pequenos buracos. Embora não seja oficialmente reconhecida como uma fobia, essa condição tem atraído crescente atenção tanto do público quanto da comunidade científica. Um novo estudo, publicado na revista Evolutionary Psychological Science, examinou as possíveis raízes evolutivas dessa condição.

Uma das explicações mais discutidas para a tripofobia é a chamada “hipótese do animal perigoso”. Segundo essa teoria, a aversão a padrões de buracos agrupados pode ter evoluído como um mecanismo para evitar animais venenosos. Muitas criaturas perigosas, como certas aranhas e cobras, possuem padrões na pele que se assemelham a aglomerados de buracos.

Estudos mostraram que imagens desses padrões podem desencadear respostas neurais semelhantes às provocadas por animais venenosos. Esse reflexo automático provavelmente foi crucial para a sobrevivência de nossos ancestrais, ajudando-os a identificar e evitar ameaças potenciais rapidamente.

Pesquisadores descobriram que a “negatividade posterior inicial” — uma resposta neural rápida a estímulos visuais ameaçadores — é frequentemente ativada por imagens tripofóbicas. Isso sugere que nossos cérebros podem estar programados para reagir a esses padrões como se fossem sinais de perigo iminente. Assim, a tripofobia pode ser vista como um vestígio de comportamentos adaptativos antigos, que ajudavam nossos antepassados a evitar animais perigosos.

Outra perspectiva interessante é a “hipótese de evitar doenças de pele”. Segundo essa teoria, a tripofobia pode ter evoluído como um mecanismo para evitar doenças infecciosas. Muitas doenças de pele, como varíola, hanseníase e tifo, causam padrões de buracos ou pústulas na pele.

A aversão a esses padrões poderia ter ajudado nossos ancestrais a evitar contato com indivíduos doentes, reduzindo o risco de infecção. Estudos fisiológicos mostram que imagens tripofóbicas provocam respostas corporais fortes, como aumento da frequência cardíaca e dilatação das pupilas, semelhantes às reações de nojo.

O nojo é uma emoção primária que desempenha um papel crucial na prevenção de doenças, ajudando-nos a evitar alimentos contaminados e fontes de infecção. Pessoas com maior sensibilidade ao nojo tendem a ser mais propensas a experimentar tripofobia, o que sugere que essa aversão pode estar ligada a mecanismos evolutivos de proteção contra doenças.

Embora a tripofobia ainda não seja oficialmente reconhecida como uma fobia legítima, suas manifestações e o impacto que causa em muitas pessoas são significativos. Pesquisas futuras e maior reconhecimento da tripofobia podem levar a melhores métodos de tratamento, como terapia cognitivo-comportamental e terapia de exposição, para ajudar aqueles que sofrem dessa condição a viverem de maneira mais confortável e segura.

Saiba mais:

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, saúde mental é um estado de bem-estar no qual o indivíduo é capaz de usar suas próprias habilidades, recuperar-se do estresse diário, ser produtivo e contribuir para sua comunidade.

A atenção à saúde mental é oferecida no Sistema Único de Saúde (SUS) através de financiamento tripartite e ações municipalizadas, organizadas por níveis de complexidade. A Rede de Cuidados em Saúde Mental, Crack, Álcool e outras Drogas foi pactuada em julho de 2011 como parte das discussões sobre a implementação do Decreto nº 7508, de 28 de junho de 2011. Esta rede, fundamentada na Política Nacional de Saúde Mental, inclui os Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), Serviços Residenciais Terapêuticos, Centros de Convivência e Cultura, Unidades de Acolhimento e leitos de atenção integral em Hospitais Gerais.

By Draty